Evangelização no contexto urbano
“As cidades são o principal campo missionário do século XXI”
Com essa frase, o Dr. Charles Van Engen iniciou uma série de preleções sobre missão urbana, em 2002, na cidade de Londrina (PR). Sua afirmação é uma verdade inquietante por conta dos missiólogos espalhados pelo mundo inteiro: cerca da metade da população mundial, que já atingiu a cifra de sete bilhões de pessoas, mora em cidades. A estimativa é que 61,01 % da população mundial estará vivendo nas cidades até 2025. De acordo com a ONU, no ano 2015 haverá ao redor do planeta, 28 cidades com mais de 10 milhões de habitantes. Tóquio, Mumbai, Jacarta, Karachi, Lagos e São Paulo terão mais de 20 milhões de habitantes. 14 das 21 maiores metrópoles do mundo se localizam em países chamadosemergentes.
O acelerado aumento da população urbana torna as cidades mais suscetíveis a crises, em razão da pobreza, da degradação ambiental, da qualidade dos serviços urbanos e das precárias condições de infra-estrutura. De acordo com a ONU, 250 milhões de pessoas não recebem água tratada, 400 milhões não contam com esgoto e 500 milhões estão sem moradia. Há mais de um bilhão de favelados no mundo. As cidades não crescem apenas em população, mas também em problemas sociais, econômicos e políticos. Além disso, as cidades não consistem apenas de pessoas e problemas, mas sim de uma complexa concentração de valores, culturas, cosmovisões e sonhos. Centros urbanos são intricados mosaicos, crescentemente resistentes aos métodos evangelísticos tradicionais.
Como evangelizar no contexto urbano? Enxergue a cidade como objeto do amor de Deus e veja a si mesma como sinal e instrumento de redenção, paz (shalom), esperança e justiça para a cidade. Somos cooperadores e co-criadores do Reino de Deus em nosso emprego, comunidade local, bairro, cidade, país, até os confins da terra!
A missão de Deus tem caráter sistêmico, compreendendo a totalidade de todas as experiências do ser humano, em seu contexto e história. Sua finalidade envolve a reconciliação de todos os eleitos e a restauração de toda a criação. Deus é Criador amoroso e criou o ser humano à sua semelhança (Gn 1:29). Ele espera ver nosso esforço em melhorar este mundo imperfeito, agredido e ferido pelo pecado. Quando servimos no mundo, procuramos transformar suas situações imperfeitas, ministrando às feridas sociais e restaurando as dores culturais. Assim, promovemos a reconciliação, o amor divino e a paz social – desde o indivíduo e suas necessidades pessoais, até a família e as cidades em nível sócio-cultural e exercemos o dom de Deus, num verdadeiro processo de transformação da realidade dominante. Por detrás dos bairros complexos e violentos escondem-se milhares de homens e mulheres, gente como a gente, que necessita desesperadamente ser pastoreada e amada. A missão de Deus implica na presença de igrejas saudáveis e líderes santificados, cheios de vitalidade espiritual, que renovem e dinamizem a comunidade local e, desta forma, influenciem positivamente a cidade.
O desafio urbano será alcançado com estratégias adaptáveis ao contexto. Por exemplo, quais são as convicções, atitudes, motivações, necessidades e nível de receptividade entre as diversas pessoas que vivem ao redor da sua igreja? Através de um sábio planejamento baseado na compreensão das necessidades dos membros e não-alcançados, a partir dos dons, talentos e vocação dos cristãos e na dependência do Espírito, podemos tomar decisões sábias nos ministérios locais e na aplicação dos nossos recursos humanos e financeiros.
Fonte: Site do SEPAL por Rubens Muzio.
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