"A Urgência de Uma Nova Lógica Missionária"
As primeiras considerações se dirigem a justificar o tema a ser tratado.
Quando pensamos nas ações as quais as igrejas evangélicas têm se dedicado, seja no que concerne a sua prática litúrgica, seja quanto as práticas evangelísticas, sociais ou missionárias – quando pensamos ainda de modo mais específico, no viver cotidiano de seus membros, seja na esfera familiar, na esfera profissional, política ou cultural, pensamos se temos vivido de modo compatível com uma real compreensão da mensagem cristã.
Quando pensamos nas ações as quais as igrejas evangélicas têm se dedicado, seja no que concerne a sua prática litúrgica, seja quanto as práticas evangelísticas, sociais ou missionárias – quando pensamos ainda de modo mais específico, no viver cotidiano de seus membros, seja na esfera familiar, na esfera profissional, política ou cultural, pensamos se temos vivido de modo compatível com uma real compreensão da mensagem cristã.
Sei que já tem muita gente falando sobre a igreja e levantando críticas sobre todas as suas práticas, mas não quero entrar nestes méritos e não é esta a minha intenção. Quero pensar na igreja sim, mas não enquanto instituição e seus engessamentos, mas enquanto uma comunidade composta por gente que precisa o tempo todo repensar se tem entendido e vivenciado a mensagem cristã em seu viver diário. Em resumo vou tentar lançar algumas questões sobre o pensamento, a subjetividade, a lógica que tem se infiltrado de modo naturalizado, ainda que perverso, em nossas mentes e que não temos tido o atino necessário à sua resistência.
Para chamar sua atenção, quero dizer que há sim, neste momento, uma construção de formas de pensar e de agir muito bem articuladas que tem sido aceitas por nós cristãos, mas que em absolutamente nada condiz com a verdadeira mensagem cristã.
Indo de modo mais direto ao nosso tema, quando afirmamos sobre uma urgência de uma nova lógica ou mentalidade missionária, estamos sugerindo, então, que há, sim, uma mentalidade que precisa ser revista. Esta velha, mas ainda vigente mentalidade, pelos terríveis efeitos distorcidos que traz a uma visão saudável sobre a vida missionária, precisa ser trocada. Sem ter a pretensão de exaurir o tema, vamos tentar lançar algumas reflexões que nos ajudem a aprofundá-lo.
O primeiro ponto desta velha mentalidade diz respeito ao próprio entendimento sobre a definição de missão. Ainda é comum o reducionismo em se pensar missão apenas como àquelas ações evangelísticas realizadas em culturas distantes não alcançadas, tais como tribos africanas ou povos muçulmanos, ou mesmo culturas já evangelizadas, como a Europa e paises latinos. A minha própria denominação no capítulo IV, segunda seção, artigo 33, parágrafo quarto de seu Manual, designa como Pastor Missionário apenas o “Ministro chamado para evangelizar no estrangeiro ou em lugares longínquos da Pátria” (Manual Presbiteriano, p. 18). Em alguns casos ainda vemos um aparente avanço em se pensar a missão como ações evangelísticas ou mesmo de natureza social ou filantrópica desenvolvidas entre comunidades carentes, como favelas e populações ribeirinhas. É claro que tudo isto também envolve uma ação missionária e de enorme valor, mas o erro esta em se pensar a missão de modo territorializado. A cartografia missionária precisa ser estendida a dimensões que transcendem espaços geográficos e condições sociais. Acredito que o erro consiste em se reduzir a missão em si aos modos de agenciamentos missionários. Este equívoco, autorizará apenas alguns poucos a assumirem a rubrica de missionários, quanto esta é universal, é para todo cristão convertido de fato.
A missão, conforme a entendemos, deve ser percebida como um objetivo básico e fundamental para a vida, como uma razão primordial norteadora para todos os demais investimentos que nos lançarmos. Assim, a missão de uma instituição evangélica ou de um cristão refere-se, antes de tudo, a uma intenção primária ou elementar, a uma motivação central que delimitará todas as ações e estratégias e, assim cremos, todos os sentimentos mobilizadores destas ações. Encontramos esta intenção e objetivação primordial, por exemplo, em João Batista. Quando se afirma que “Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, afim de todos virem a crer por intermédio dele” (João 1:7), se está dizendo que esta era a sua missão – sua vida estava centrada neste objetivo: “testificar a respeito da luz”. Todo e qualquer ato de sua vida estaria sendo orientado por esta missão.
A relevância desta informação esta no fato de que é justamente quando entendemos a abrangência e natureza de nossa missão que nossas vidas adquirem qualificação e sentido. Qualificação, pois quem não tem uma consciência clara de sua missão na vida terá a mesma sendo regida por objetivos que retiram dela sua real razão de existência, pois a vida é uma concessão divina para o uso do serviço e fora desta visão, de que existimos para servir a Deus em amor, a vida desqualifica-se, despotencializa-se, esvazia-se e se definirá, tão somente, como uma reprodução da mediocridade egocêntrica que assola a maioria dos seres criados para serem pensantes e autênticos. Quem não entende e encarna sua missão viverá na submissão de um modus vivendi secularizado que está longe, muito longe do que Deus planejou.
comentado por: LUIZ VANDERLEY
site:www.sepal.org.br
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